sexta-feira, 31 de julho de 2009

Papa Bento XVI vai gravar álbum, anuncia editora

Um álbum com a voz do Papa Bento XVI será lançado no final do ano, segundo um anúncio da editora Geffen UK/Universal.
No álbum, chamado inicialmente de «Alma Mater» («mãe que alimenta» em latim), o pontífice gravará mensagens e cantará músicas em português, latim, italiano, espanhol, francês e alemão.
Segundo a editora, esta será a primeira vez que Bento XVI grava um disco, que será lançado com a benção do papa.
O trabalho sai a 30 de Novembro e a Geffen UK aposta que terá boas vendas na véspera do Natal.
O disco trará a Ladainha Lauretana, cantos marianos e oito melodias clássicas. O papa recitará passagens da Bíblia e orações acompanhado do coral da Filarmónica de Roma, conduzida por Pablo Colino, maestro emérito da Basílica de São Pedro.
A britânica Royal Philharmonic Orchestra gravará as composições clássicas nos estúdios Abbey Road, em Londres.
A editora e o Vaticano não divulgaram os valores envolvidos no lançamento do disco, mas foi anunciado que os lucros do álbum serão doados para projectos de educação musical para crianças carenciadas pelo mundo.
O presidente da Geffen UK, Colin Barlow, disse que a voz do papa é «incrível».
Entre outros artistas da editora estão Snoop Dogg, Mary J. Blige e Pussycat Dolls.
Mais detalhes do disco serão anunciados em Setembro, num lançamento oficial do projecto no Vaticano.


Fonte: Diariodigital.pt

terça-feira, 28 de julho de 2009

O novo hino a Jorge Jesus

AR & AR sabe que esta música do Frei Armando da Camara será o novo hino cantado pelas claques do SLBenfica ao seu treinador Jorge Jesus.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

SL Benfica - Apresentação 2009/10











Multado por conduzir o carro sem capacete

Um condutor de Braga ficou boquiaberto quando recebeu, no passado mês de Abril, um auto de contra-ordenação por conduzir "o veículo ligeiro de mercadorias sem utilizar o capacete de modelo oficialmente aprovado".
António não encontra explicações para tão inusitada situação que o confronta com a obrigatoriedade de pagar 228 euros. Nos serviços da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), depois de muita música de Antonio Vivaldi entre esperas, também não se avançam explicações, além do direito que assiste ao "infractor" de reclamar, pedindo a impugnação judicial.
A inusitada acusação reporta-se ao dia 9 de Maio de 2007 e, segundo a ANSR "vistos os autos", pelas 14.52 horas, na Rua Óscar da Silva, Matosinhos, "mediante condução do veículo ligeiro de mercadorias, com matrícula... foi praticada a seguinte infracção: não utilização do capacete de modelo oficialmente aprovado pelo ocupante do veículo". E prossegue o auto: "Tal facto constitui contra-ordenação ao disposto no art.º 82º, n.º 3 do Código da Estrada, sancionável com coima de 120 a 600 euros, nos termos do art.º 82º, n.º 6 do mesmo diploma". Tão fundamentado psitacismo deixaria qualquer mortal convencido de realmente ter cometido a infracção.
O "arguido" foi notificado no dia 9 de Maio de 2008, por não ter apresentado defesa, não se ter pronunciado, nem ter efectuado o pagamento voluntário da coima.
Classificada como "leve", a contra-ordenação implica apenas o pagamento da coima, mas António garante que não pagará e reclama o rápido esclarecimento da situação, tanto que alega apenas ter sido notificado em 22 de Maio último, pelo que dirigiu, de imediato, a impugnação judicial, em carta dirigida ao presidente da ANSR.
Só que a ANSR refere, no quinto ponto da notificação que "face aos elementos existentes no processo, consideram-se provados os factos constantes do auto de contra-ordenação".
Afastando qualquer tentativa de dolo, a ANSR alerta a subsistência de "negligência", porque "o arguido não procedeu com o cuidado a que estava obrigado".
Na exposição avançada para o presidente da ANSR, António faz prova que o veículo que conduzia era um ligeiro de mercadorias, mediante apresentação do livrete e acrescenta que não é proprietário de qualquer motociclo.
Em conclusão, apela à revisão do processo, esperando que os argumentos expostos sirvam para dar por concluído e encerrado o caso, sem qualquer pagamento ou auto de coima.

Fonte: Jornal de Noticias - 23/07/2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A pré-época pré-histórica do Sporting

EM Lisboa, a pré-época tem sido alegre: os adeptos do Benfica estão entusiasmados com o novo treinador e a qualidade da equipa; os adeptos do Sporting estão entusiasmados com o entusiasmo dos adeptos do Benfica. Enfim, cada um entusiasma-se com o que pode.
Eu admito que as euforias precipitadas são perigosas. Mas, na verdade, só há uma coisa pior do que o entusiasmo injustificado da pré-época: é o desalento justificado da pré-época. A razão pela qual não há euforias injustificadas no Sporting não se deve a uma hipotética maior sensatez dos seus adeptos. No Sporting não há euforias injustificadas porque não há euforias nenhumas. Justificadamente: na pré-época, o Sporting bateu o Atlético do Cacém por 3-0 e depois perdeu com uma equipa da segunda divisão inglesa e com o sétimo classificado da liga holandesa do ano passado — sendo que, dentro de pouco mais de uma semana, terá de discutir a qualificação para a Liga dos Campeões com o segundo classificado, o Twente. Convenhamos que é mais fácil esperar que o entusiasmo dos benfiquistas seja injustificado do que encontrar motivos para entusiasmo justificado dos sportinguistas. Ou seja, enquanto os benfiquistas crêem que é possível que o Benfica venha a jogar à Benfica, os sportinguistas esperam que o Benfica comece rapidamente a jogar à Sporting.

Ainda assim, nem tudo é mau para o Sporting. Há aquela nova contratação, um homem jovem, ambicioso, e que vem ganhar mais do que todos os jogadores do plantel. Infelizmente, trata-se do presidente. Mas também entusiasma. E há ainda o investimento nas novas tecnologias. Durante a maior parte da pré-época, o Sporting jogou com o complicómetro ligado, um novo dispositivo que promete revolucionar o futebol em Alvalade. Finalmente, não podemos esquecer os novos reforços Vukcevic e Miguel Veloso que, nestes 20 minutos em que não estão incompatibilizados com o treinador, podem dar um contributo inestimável à equipa.

QUANTO ao Porto, vendeu muito bem Cissokho, o que é excelente. São magníficos negócios como este que permitem ao Porto recuperar algum do dinheiro que deixou de ganhar em negócios ruinosos como a venda de Diego por 6 milhões (acaba de ser vendido à Juventus por 24,5 milhões) ou a cedência de Luís Fabiano por 3 milhões (actualmente é o ponta-de-lança da selecção brasileira e o Milan pondera adquirir o seu passe por 20 milhões).

ENTRETANTO, o futebol começa a voltar às nossas vidas: ontem acompanhei o Sporting-Feyenoord, depois o Porto-Mónaco, e logo a seguir o Benfica-Porto, na final do torneio do Guadiana. Aqueles vários jogadores do Porto, orientados por um treinador do Porto, deram algum trabalho ao Benfica, mas acabaram por perder o jogo. Diz-se que o Porto tem um bom plantel, mas é importante não esquecer que também tem mais dois ou três maus plantéis, distribuídos por várias equipas do País e do estrangeiro. É mais fácil acertar em 11 bons jogadores quando se pode comprar 70.

Por Ricardo Araújo Pereira, Edição 19 de Julho 2009 - Jornal "A Bola"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quem põe os cornos a quem?

Um político pode mentir com estrépito e continuar a ser considerado um grande estadista. As mentiras, bem enroladas em conversa fiada e estados de alma, comovem o povo e, demasiadas vezes, anestesiam os próprios jornalistas. As contas variam com quem as conta, sem que a comunicação social mostre a verdade dos factos, ou seja, as facturas.
O país parece demasiado velho para ter memória, ou demasiado esperto para se lembrar de alguma coisa - como Dias Loureiro, vive em surpresa e ingenuidade, artes mais compensatórias do que as do trabalho e da honestidade.
Quando surgem documentos contraditórios com as afirmações de um político, o visado sacode a água do capote dizendo que, mesmo que o papel esteja assinado por si, a culpa é dos que vieram antes dele. O enxotar das responsabilidades para os outros é a causa principal do atraso português e aquilo que trava a força de qualquer reforma: quando se aponta o que está por fazer ou o que foi mal feito, o responsável lança as actas da História à cabeça de quem aponta, para explicar que não pôde fazer nada, que o mal vem de trás (ou de cima, ou de baixo), que não teve condições - pois se nem o Rei D. Sebastião ou Maria João Pires tiveram condições...
Só temos memória quando se trata de atirar as culpas para os outros. Foi o que fez Manuela Ferreira Leite em relação à venda da rede de cobre à PT - disse que o negócio, que agora considera ruinoso, foi decidido pelo Governo anterior. Mas não explica por que razão fechou e assinou essa venda, enquanto ministra das Finanças. Igualmente incompreensível é o salto epistemológico que a conduziu a escolher Santana Lopes como candidato à Câmara de Lisboa, depois de ter dito dele o que nem Deus diz do Diabo. Se isto é "política de verdade", eu prefiro a outra.
Certos políticos têm prerrogativas que os outros não têm: Alberto João Jardim, por exemplo, pode insultar alegremente quem lhe apetecer, a começar pelo Presidente da República, que nada acontece. Na Assembleia da República, os deputados podem injuriar-se verbalmente como muito bem querem e lhes apetece, de mentiroso para baixo. Já lá vi doutos senhores mandarem outros a todas as partes do mundo, incluindo as mais íntimas e as mais sujas (o paralelismo inconsciente entre umas e outras é, aliás, eloquente).
O que não se pode fazer, fiquei agora a saber, é um gesto considerado feio. Se, em vez dos chifres de um touro, o ministro da Economia tivesse mimado umas orelhas de burro, justificar-se-ia na mesma a sua demissão? E se, em vez de orelhas de burro, tivessem sido asas de anjo? - mais difíceis de mimar, é certo. O que nos ofende nos bois ou nos touros? Confesso que nem sequer percebi se a intenção de Manuel Pinho foi a de mostrar que tinha posto os cornos ao PCP, por ter conseguido pôr as minas de Aljustrel a trabalhar, ou a de acusar o PCP de marrar sempre no mesmo.
A ideia de pôr os cornos é um bocadinho arcaica, porque as vacas não têm cornos - o que não significa que umas não dêem mais leite do que as outras. Mas espanta-me que a acção política possa ser afectada deste modo por um gesto tão infeliz quanto infantil. Manuel Pinho não devia ter perdido a cabeça; mas qual de nós não teve um momento em que perdeu a cabeça, por se sentir farto de trabalhar e injustiçado? Só os que não se esforçam nem se empenham poderão atirar a primeira pedra - por isso, aliás, vivemos num país de apedrejadores.
Não tenho pena de Manuel Pinho: Joe Berardo ofereceu-lhe já um posto na administração da sua Fundação, e os trabalhadores das empresas que ele conseguiu safar da falência prestaram-lhe as suas homenagens, bem como os responsáveis das associações empresariais. Não terá sido um ministro perfeito - a ideia peregrina do Allgarve e os dinheiros nela gastos mancharam o bom trabalho realizado na recuperação empresarial, no plano tecnológico e no plano energético. Mas esse trabalho existe. Na véspera da sua demissão, Pinho elencava na SIC Notícias a lista de medidas tomadas para apoiar as pequenas e médias empresas, lembrando que toda aquela lista seria rasgada por Manuela Ferreira Leite, como ela própria afirmou, caso fosse eleita.
A segunda grande causa do atraso português é precisamente essa: os governos chegam ao poder e tratam de rasgar tudo o que vem de trás - muitas vezes até mudam o nome dos ministérios e das instituições públicas, o que representa um aumento da burocracia (mudança de leis internas) e um gasto desnecessário em papel, design e vidro. Que um par de cornos seja mais importante do que o trabalho em curso, isso é que trama o país.


Fonte: Inês Pedrosa, Expresso - 15:07:2009

Opinião (Manuel Alegre): "É urgente acordar o PS"

O histórico quer mudança de estilo, de políticas e de pessoas. E deixa um sério aviso ao PS: só "um sobressalto" evitará o pior. Leia na íntegra o artigo de opinião de Manuel Alegre, publicado na edição impressa de 11 de Julho do Expresso.

Em nenhum outro país europeu a esquerda é eleitoralmente tão forte como em Portugal. Mas essa força não serve para grande coisa. Sobretudo não serve para governar, seja em coligação seja através de acordos pontuais. Em caso de maioria relativa do maior partido da esquerda, a governabilidade só é garantida à direita, quer através do bloco central quer com o apoio do CDS. Nem o PCP e o BE estão disponíveis nem o PS quer governar com qualquer deles. As nossas esquerdas parecem ter como desígnio principal excluírem-se umas às outras. É uma das originalidades portuguesas.
Depois da queda do muro de Berlim, os partidos comunistas quase se evaporaram. Com a honrosa excepção do PCP, não só pelo seu papel na luta antifascista, mas também devido ao facto de Álvaro Cunhal ter preservado a ideologia tradicional do partido, fixando assim o núcleo essencial do seu eleitorado.
Esperava-se então que fosse a hora do socialismo democrático. Mas o que veio foi a globalização neoliberal. Com os socialistas na defensiva ou ideologicamente colonizados. Essa é talvez a razão pela qual a nova crise global do capitalismo financeiro beneficiou a direita e não a esquerda. Parafraseando Saramago, para quê votar à esquerda se não há esquerda? Como projecto de governo, não há. Se não mudar, o socialismo europeu corre o risco de ter um destino semelhante ao do movimento comunista. Se a esquerda de poder imita o poder da direita e as outras continuam a sonhar com os amanhãs que já não cantam, se, no seu conjunto, a esquerda deixa de representar um horizonte visível de esperança, os eleitores viram-se para outro lado e para a ilusão da segurança que, em época de crise, a direita oferece. Pelo menos a direita sabe o quer: quer poder. E não tem os pruridos da esquerda, une-se para o conquistar.
As próximas eleições serão marcadas por uma ofensiva ideológica da direita. O que está em causa é o consenso constitucional aprovado por larga maioria, incluindo o PSD, sobre os direitos sociais (escola pública, universalidade do acesso à saúde, segurança social pública). A líder do PSD anuncia o fim de um ciclo e de uma concepção da democracia em que direitos políticos e direitos sociais eram considerados inseparáveis. Com o absurdo de o PSD partir para as eleições com a bandeira da ideologia que está na origem da actual crise mundial. Sabem-se os objectivos: papel do Estado, protecção social, direito do trabalho.
Os resultados desta receita estão à vista em toda a parte: desregulação do mercado entregue a si mesmo, busca sem freio do lucro pelo lucro com total indiferença pelos custos sociais, ausência de ética e transparência. Na hora do colapso do neoliberalismo, MFL faz o discurso ultraliberal do Estado mínimo. À força de tanto querer rasgar, acabará por rasgar o horizonte social do 25 de Abril, consagrado na Constituição.
E por isso impunha-se um sobressalto. Seria preciso que os socialistas acordassem do seu torpor e que dentro do PS se ouvissem vozes a exigir uma mudança. Não só de estilo, mas de pessoas e de políticas. Na educação, no trabalho (cujo Código é imperioso rever), na Justiça, na função pública, na relação com os sindicatos, na afirmação do primado da política e na urgência de libertar o Estado de interesses que o condicionam. Seria preciso que o PS fosse capaz de se reencontrar consigo mesmo, com os seus valores e com o seu eleitorado. E que as outras forças de esquerda, sem abdicarem das suas posições próprias, definissem com clareza o adversário principal e se interrogassem sobre as consequências de um eventual governo de MFL. Se a direita governar, o povo da esquerda será o principal perdedor, independentemente da votação nos partidos que dele se reclamam.
Dir-me-ão que a maioria PS não governou à esquerda. Eu gostaria que tivesse governado de outra maneira. Mas também sei que uma maioria de direita jamais deixaria passar o referendo sobre a IVG e a lei do divórcio. Sei que com um governo de MFL o SNS será praticamente desmantelado e o papel do Estado, como ela já afirmou, "reduzido ao mínimo indispensável".
Como socialista, não me compete dizer ao PCP e ao BE o que devem fazer. Gostaria que uma maioria de esquerda fosse capaz de gerar soluções políticas alternativas. Mas não tenho ilusões. Tal só será possível com uma ruptura de cada uma das esquerdas consigo mesma. O que está longe de acontecer.
Aos socialistas digo que ainda há tempo. Ainda é possível vencer o PSD. Mas não será com certeza ouvindo opiniões à direita e esquecendo a sua própria esquerda. Nas europeias, não foi o PSD que teve um aumento significativo de votação, foi o PS que perdeu grande parte da sua base social, a ponto de, pela primeira vez, ter ficado aquém de um milhão de votos. Várias vezes falei de um buraco negro na esquerda. A soma da abstenção com os resultados do BE e do PCP mostram que esse buraco se situa na área do PS. Não é crível que personalidades de direita consigam recuperar para o PS o eleitorado que este perdeu para a abstenção e para a esquerda. Os socialistas não podem ter um discurso emprestado. Não se combate o liberalismo ultra com o liberalismo suave. Nem se vence o PSD com ex-ideólogos do PSD. Ainda é possível dar a volta. Mas algo tem de acontecer. Apesar dos erros, a bandeira do PS não está no chão. Mais política e menos marketing. Mais socialistas e menos figurantes. Um pouco mais de esquerda. Ou, como diria Mário Cesariny, "um acordar".
Para que um dia destes não estejamos a perguntar-nos como é que se perdeu mais uma oportunidade e como é que um país maioritariamente de esquerda pode acabar uma vez mais a ser governado pela direita.

Artigo publicado na edição impressa do Expresso de 11 de Julho de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Gripe A - O que é preciso saber!


''A Bola'' - 14/Julho/2009


Capa de ''A Bola'' de 14 de Julho de 2009

A pandemia de gripe e o sistema de Saúde

Em Março de 2009 foram detectados no México os primeiros casos de infecção humana pelo novo vírus A(H1N1). Face à existência de transmissão comunitária deste vírus recombinante em duas regiões de saúde do Mundo (Região Pan-americana e Região do Pacífico Ocidental), a OMS declara, em Junho deste ano, a primeira pandemia de gripe do século XXI.
As pandemias são epidemias globais causadas por vírus completamente novos para os quais não existe imunidade prévia (i.e., virtualmente toda a população mundial é susceptível). Não obstante o seu carácter global, o seu impacte é essencialmente local, reflectindo-se a um nível comunitário e individual.
Tratando-se de acontecimentos excepcionais pela sua frequência e transcendência social, as pandemias requerem respostas igualmente excepcionais - porque sistémicas - por parte da sociedade.
Desta forma, o esforço de preparação não se poderá limitar ao sector da saúde devendo, assim, ser externalizado aos restantes sectores da sociedade.
O papel do sistema de saúde consistirá, não apenas, na prestação de cuidados de saúde aos doentes com gripe e prestação de cuidados inadiáveis de saúde aos restantes doentes, mas também na capacitação do público em geral no que diz respeito à gripe pandémica ("what is known and not known") e à procura apropriada dos cuidados de saúde.
No actual contexto epidemiológico nacional (05/07/2009), a resposta assenta numa estratégia de contenção. Uma vez instalada a pandemia no nosso País (transmissão mantida na comunidade), os esforços deverão ser dirigidos para a mitigação do seu impacte.
Nessa medida, a robustez do sistema de saúde, correspondente à sua capacidade em gerir a doença pandémica e em prestar os restantes cuidados emergentes de saúde, será um dos principais determinantes do impacte da pandemia de gripe, traduzida pelo grau de disrupção social e económica decorrente.
A disseminação dos casos ao longo do tempo permitirá aos serviços de saúde lidar mais facilmente com o inevitável afluxo aumentado de doentes.
A comunicação em saúde, incluindo a veiculação de comportamentos e atitudes redutores do risco (designadamente as medidas de higiene das mãos e a etiqueta respiratória) e a promoção dos autocuidados de saúde estão entre as estratégias mais custo-efectivas no que diz respeito à maximização da capacidade de resposta do sistema de saúde.
O impacte desta pandemia, uma vez instalada no nosso País, é impossível de prever. No entanto, a OMS refere três determinantes fundamentais: as características (clínicas, epidemiológicas e intrínsecas) do vírus; a vulnerabilidade da população afectada (relacionada com a proporção de indivíduos com risco acrescido de complicações); a capacidade de resposta da sociedade (relacionada com o sistema de saúde e a comunicação do risco e mobilização social).
O sistema de saúde português, com provas dadas ao longo das últimas décadas, tem demonstrado a sua eficácia na gestão dos casos capturados pela vigilância epidemiológica desde 29 de Abril, data da activação do Plano de Contingência Nacional da Direcção-Geral da Saúde.
Por outro lado, as características clínicas e epidemiológicas da infecção na generalidade dos países e, em particular, em países mais afectados como o México ou os Estados Unidos, prognosticam uma pandemia com um curso favorável.
A intervenção sobre o sistema de serviços de saúde - mediante o estabelecimento de prioridades, a redistribuição de recursos e o enfoque na efectividade populacional dos cuidados prestados - corresponde, juntamente com a vigilância epidemiológica, ao que poderíamos chamar de "cuidados de saúde pública", particularmente pertinentes no actual contexto epidemiológico.
A gestão adequada duma pandemia implica a mobilização de recursos numa perspectiva populacional - ao invés da perspectiva clínica de gestão individual de casos num contexto de ausência ou de escasso constrangimento funcional de recursos - implicando um novo paradigma de prestação dos cuidados possíveis em vez dos cuidados ideais.
Por outro lado é essencial capacitar o público e os próprios profissionais de saúde relativamente ao primado do bem comum relativamente ao bem individual, sob pena de se comprometer a equidade e a efectividade dos cuidados prestados num contexto de escassez de recursos, decorrente do aumento explosivo da procura (taxas de ataque 5 vezes superiores às da gripe sazonal) e da diminuição acentuada da oferta (em resultado do absentismo laboral estimado em 30-40%).
A todos os profissionais de saúde exige-se, mais do que nunca, uma postura altruísta e de doação à causa pública, a racionalidade na tomada da decisão e o cumprimento escrupuloso das boas práticas da sua profissão, incluindo o respeito pelas hierarquias e pelos procedimentos determinados superiormente no que diz respeito ao fluxo e gestão de doentes.
Em algumas profissões da saúde (caso dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos) acresce, a estas obrigações, informar e esclarecer, de forma compreensível mas cientificamente fundamentada, o público que contacta com os serviços de saúde.Numa sociedade global e globalizada, em que o acesso à informação se encontra à distância de um teclado de computador ou de um controlo remoto de televisão, os órgãos de comunicação social desempenham um papel fundamental na veiculação de informação em saúde e na percepção do risco por parte da população em geral.
O público correctamente informado e capaz de decidir, de forma apropriada, na saúde e na doença, é um recurso inestimável de qualquer sistema de saúde que urge encarar como tal por todos os seus actores.
A comunicação social detém o papel de parceiro primordial, ao mobilizar a sociedade em torno da resolução dos problemas e do bem comum e ao promover a divulgação de informação pertinente e cientificamente válida.
Por outro lado, a concertação de esforços, condição necessária a uma resposta adequada à presente pandemia de gripe, torna por demais evidente a relevância dos serviços de saúde pública - e, muito em particular, dos médicos especialistas em saúde pública - na gestão das ameaças à saúde e bem-estar das populações.
Fonte: Expresso - Carta dos Leitores
Lúcio Meneses de Almeida, Médico especialista em saúde pública, Membro da Direcção do Colégio da Especialidade de Saúde Pública
17:47 Quinta-feira, 9 de Jul de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009


''A Bola'' - 13 de Julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Gripe A: DGS adverte contra consumo indevido de Oseltamivir

O director-geral da Saúde (DGS) advertiu esta sexta-feira contra o consumo indevido do medicamento Oseltamivir, indicado para o tratamento da gripe A (H1N1), nomeadamente devido ao risco de aumentar o desenvolvimento de resistências dos vírus.
Francisco George comentava a oferta ilegal do medicamento na Internet, onde é vendido a preços muito superiores aos praticados legalmente, ou seja, mediante receita médica e nas farmácias portuguesas.

«O Oseltamivir não deve ser utilizado livremente, uma vez que a sua prescrição é estritamente médica», sendo que «o uso indevido tem como consequência aumentar a probabilidade de surgirem resistências dos vírus ao medicamento», afirmou o responsável.

Diário Digital / Lusa

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Google desafia Windows e anuncia sistema operacional

O Google está a desenvolver um sistema operacional para computadores pessoais, num claro desafio directo ao líder de mercado, o Windows, desenvolvido pela Microsoft.
O Google Chrome OS (operating system) será desenvolvido, numa primeira fase, para netbooks e computadores portáteis, mais baratos e com menos recursos que os laptops.
Os equipamentos equipados com o Google Chrome OS devem estar no mercado em meados de 2010. A ideia é, no futuro, usar o sistema operacional também em PCs.
«Rapidez, simplicidade e segurança são os aspectos chave do Google Chrome OS», anunciou a empresa no seu blog oficial. Segundo p Google, o sistema operacional será uma «extensão natural» do Chrome.
O novo sistema operacional será um software de código aberto («open source»). Para a Microsoft, a notícia surge poucos meses antes do lançamento da nova versão do seu sistema, o Windows 7.


Fonte: www.diariodigital.pt

terça-feira, 7 de julho de 2009

Medidas de protecção individual contra a Gripe A(H1N1)


Evite o contacto próximo com pessoas com gripe! Procure não estar na presença de pessoas com gripe. Se ficar doente, mantenha-se afastado dos outros, pelo menos a 1 metro de distância, para protegê-los de adoecer também.

Se ficar doente, permaneça em casa! Se estiver com sintomas de gripe, fique em casa e contacte a Linha Saúde 24, pelo número 808 24 24 24, de forma a proteger-se e evitar o contágio a outras pessoas.

Se tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com um lenço de papel! Para impedir que outras pessoas venham a adoecer, é muito importante, quando tossir ou espirrar, que cubra a boca e o nariz com um lenço de papel ou com o antebraço, mas nunca com a mão! De imediato, deposite no lixo o lenço utilizado.

Lave as mãos frequentemente com água e sabão! É fundamental lavar as mãos com frequência, com água e sabão em abundância, durante 20 segundos, pelo menos, em particular depois de tossir ou espirrar. Em alternativa, pode usar toalhetes à base de álcool.

Evite o contacto das mãos com os olhos, nariz e boca! Procure não tocar nos olhos, nariz e boca sem ter lavado as mãos, porque o contacto destas com superfícies ou objectos contaminados é uma forma frequente de transmissão da doença.
Limpe frequentemente as superfícies ou objectos mais sujeitos a contacto com as mãos! É necessário manter limpas, com um produto de limpeza comum, as superfícies sujeitas a contacto manual muito frequente, tais como mesas de trabalho e maçanetas das portas.

Estas medidas são também muito importantes nas crianças! Na prevenção do contágio nas crianças, é muito importante assegurarmo-nos de que estas medidas também são respeitadas por elas.

Se adoecer, assegure-se de que terá o apoio de outras pessoas! É importante saber a quem poderá pedir ajuda, em caso de necessidade.

Fonte: ECDC, Estocolmo, Maio 2009. Traduzido pela Direcção-Geral da Saúde.

Comunicado da Minsitra da Saúde - Ponto de situação do vírus da gripe A - 06/07/2009 - 18h00


Registam-se mais seis casos confirmados de infecção pelo vírus da Gripe A (H1N1).


Registaram-se, nas últimas 24 horas, mais seis casos confirmados laboratorialmente de infecção pelo vírus da Gripe A (H1N1).
Dos seis casos, três são do sexo masculino e estão internados no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Um dos homens, de 49 anos, regressou do Reino Unido, enquanto outro homem, de 43 anos, passou por Espanha e Itália. O terceiro homem, de 22 anos, corresponde a um caso de transmissão secundária.
No Hospital de Dona Estefânia, também em Lisboa, estão internadas uma adolescente de 13 anos, proveniente de Palma de Maiorca, e uma menina de 9 anos, que veio da República Dominicana.
Uma mulher de 66 anos está internada no Centro de Saúde de Santa Cruz da Graciosa, nos Açores. Trata-se, também, de um caso de transmissão secundária.
Verificaram-se, em Portugal, desde o início de Maio, 48 casos confirmados de Gripe A (H1N1), resultando quatro deles de transmissão secundária.
O surgimento de casos de transmissão secundária era esperado pelas autoridades de saúde pública, tendo em conta a evolução natural da epidemia e o aumento do número de casos importados.
O Ministério da Saúde mantém as medidas de prevenção já tomadas, que têm como objectivo a imediata localização e contenção dos casos.
O Ministério recomenda também toda a comunidade – famílias, escolas, empresas, etc. – que colabore com comportamentos que dificultem a transmissão do vírus.
Além da identificação, isolamento e tratamento dos casos, o Ministério da Saúde, através da Direcção-Geral da Saúde, em colaboração com a Escola Nacional de Saúde Pública e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, está, há dois meses, a analisar essa resposta social à transmissão, reportando-a periodicamente, para que os comportamentos da comunidade se adaptem à situação epidemiológica.
O Ministério da Saúde alerta, mais uma vez, os cidadãos para, em caso de sintomas de gripe, independentemente de terem viajado para fora do país, contactarem de imediato a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24) e seguirem as indicações dos profissionais de saúde. Esta deve ser a primeira medida a tomar antes de se dirigirem a um serviço de saúde.
O contacto com a Linha de Saúde 24 permite, perante os sintomas descritos e informações prestadas pelo utente, reconhecer se se trata de uma suspeita de Gripe A.
Isto evita o incómodo de uma ida desnecessária à urgência hospitalar.
Em caso de suspeita de infecção pelo vírus da Gripe A, o contacto inicial com a Linha de Saúde 24 garante ao utente o transporte imediato, pelo INEM, para um dos hospitais de referência, em condições que salvaguardam a sua saúde e a das pessoas que com ele contactam, diminuindo o risco de contágio da infecção.
A passagem à fase 6 do alerta de pandemia, decidida pela Organização Mundial de Saúde, deve-se à facilidade e velocidade de propagação do vírus a nível mundial.
O Ministério da Saúde tomará as medidas previstas no Plano de Contingência que venham a revelar-se necessárias em cada momento e garante que as autoridades de saúde monitorizam permanentemente o evoluir da situação.
O Ministério da Saúde reforça ainda, entre outras recomendações, a importância da lavagem frequente das mãos, da protecção da boca e do nariz ao tossir ou espirrar, sempre que possível com lenços de papel que não devem ser reutilizados, para evitar a rápida propagação do vírus.
O Ministério da Saúde faz, diariamente, o ponto de situação da evolução da infecção da Gripe A no seu site (http://www.portaldasaude.pt/). A mesma informação pode também ser consultada no Microsite da Gripe, no site da Direcção‐Geral da Saúde (http://www.dgs.pt/).
Tendo em conta o crescente número de casos suspeitos que, diariamente, são investigados, o Ministério da Saúde decidiu comunicar apenas aqueles cujos resultados se revelem positivos.

Lisboa, 6 de Julho de 2009

Externato fechado em Lisboa devido a cinco casos de gripe A

Um colégio em Lisboa foi encerrado e está a ser sujeito a medidas previstas no plano de contingência de resposta à gripe A (H1N1), depois de ali terem sido detectados pelo menos cinco casos de infecção com esta doença.

Trata-se do Externato das Pedralvas, em Benfica (Lisboa), que decidiu fechar portas até ao próximo dia 20, para poder fazer desinfecção e dar medicação como medida de prevenção a todas as crianças que frequentam o estabelecimento.

O primeiro caso foi o de um bebé de 18 meses que chegou do México na passada quarta-feira, mas entretanto foi detectado um segundo caso num menino que frequenta a mesma sala. Os três outros casos foram confirmados minutos mais tarde. Quatro das crianças têm dois anos e a quinta tem três.

As autoridades da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) estão no local a adoptar as medidas previstas no plano de contigência.

A delegada de saúde esteve ontem no colégio, onde explicou aos pais das crianças algumas medidas a adoptar para impedir a disseminação do vírus, segundo disse uma mãe.

Os 10 truques de Sócrates para ser um animal feroz no Parlamento

Umas vezes ao ataque, outras à defesa, sempre que foi ao Parlamento para os debates quinzenais José Sócrates levava a cartilha de truques e frases feitas bem estudada.
Os debates quinzenais com o primeiro-ministro foram uma das principais novidades da legislatura que está a acabar. Apesar de altos e baixos (mais altos no início, mais baixos nos últimos tempos), José Sócrates mostrou-se sempre um osso duro de roer para a oposição.
Umas vezes jogando ao ataque - anunciando decisões, zurzindo a oposição -, outras à defesa - fugindo às perguntas ou pedindo a outros para responder -, Sócrates levava a cartilha bem estudada, recorrendo quase sempre aos mesmos truques e, muitas vezes, às mesmas frases feitas.
Do seu arsenal só nunca fez parte uma arma: a humildade.
1 - Anúncio de medidas do Governo
"Quero comunicar ao Parlamento três decisões muito importates"
Tornou-se habitual ver Sócrates a guardar novidades para anunciar nos debates quinzenais. A táctica tem várias vantagens: o Parlamento é um bom palco e fazer anúncios ali permite ao primeiro-ministro (PM) dizer que está a demonstrar respeito pelos representantes do povo.
Melhor que isso, ao tirar uma surpresa da cartola, Sócrates tenta condicionar o desempenho da oposição e dos jornalistas, cingindo-os à novidade acabada de anunciar. Muitas vezes acaba por ser essa a notícia do debate.
Rangel já o acusou de tentar fazer das idas à Assembleia "intervalos parlamentares publicitários".
2 - Ignorar perguntas e responder com 'palha'
"O importante é não esquecer que..."
Boa parte das perguntas da oposição fica sem resposta. O truque tornou-se tão flagrante que o Expresso chegou a ter uma rubrica sobre 'as perguntas a que Sócrates não respondeu'. O CDS mantém a contagem das perguntas que fez e que o PM ignorou (últimos dados: 176 perguntas, 26 respostas).
Em vez de ser objectivo e se cingir à questão, José Sócrates faz a recapitulação das medidas do Governo e repisa vezes sem conta o discurso oficial, muitas vezes esgotando o tempo com isso. Depois, ou não dá resposta ou responde de fugida, já nos 'descontos' de tempo, com Jaime Gama a insistir para que termine.
3 - Exigir à oposição que fale do que anunciou
"Ah, sobre isso não diz nada? Não acha importante?"
Debate sim, debate não, é o Governo que abre a sessão e escolhe o tema para a intervenção de Sócrates. Raramente o tema tem que ver com os assuntos mais quentes da actualidade, mas antes com as áreas em que o primeiro-ministro pode fazer um brilharete com decisões populares tomadas pelo Executivo.
Por muito que a oposição tente fugir à agenda de José Sócrates - nem que seja para não comentar a quente o que acabou de ser anunciado -, este tenta puxá-la para o seu terreno. Se anunciou novos subsídios, linhas de crédito ou outras medidas sociais ou económicas, o PM não perdoa o silêncio aos adversários, tentando passar a ideia de que se calam para não terem que elogiar o Governo.
4 - "Pesada herança" da "direita"
"Porque é que não fizeram quando estavam no Governo? Não se lembraram?"
Numa das últimas vezes que Sócrates foi ao Parlamento, quando Paulo Portas lhe perguntou quais os erros que assumia ter feito no Governo, o PM respondeu assim: "Certamente que todos cometemos erros, mas eu não cometi os erros que o senhor cometeu quando esteve no Governo" - e lançou-se na tarefa de nomear os pecados do Executivo PSD-CDS, para fugir a assumir erros seus.
José Sócrates tem sempre na manga decisões, declarações, estatísticas e tudo o que sirva para invocar a "pesada herança" da "direita", sejam os números do défice, a guerra do Iraque ou um qualquer despacho de um obscuro secretário de Estado. E tem a vantagem de os principais protagonistas à sua direita terem participado nesse Governo. "Não agite o papão dos Governos PSD-CDS, porque isso já não cola", recomendou-lhe Rangel esta semana.
5 - Rotular os adversários
"O seu partido é um embuste"
O PSD tem uma "agenda escondida" de "liberalismo radical"; o CDS faz "demagogia grossa e primária", o PCP é "sectário" e conservador; o Bloco é de uma "demagogia irresponsável e barata" (além de assumir uma atitude de "farisaísmo" e "superioridade moral insuportável"), o PEV é "um embuste político", "verdes por fora mas vermelhos por dentro".
Há muito que Sócrates rotulou os partidos da oposição e não perde tempo com inovações: a rotulagem facilita a narrativa, a repetição ajuda a passar a mensagem.
6 - A ausência de alternativas
"Diga lá qualquer coisinha. Uma ideia que seja, sr. deputado"
Não há debate em que Sócrates não acuse a oposição - e em particular o PSD, por ser o outro partido de governo - de não ter ideias para o país. Um desígnio, uma proposta, nada. "Daí nunca vem nada", disparou para o PSD há uns meses. "Afinal de contas, o que fariam os senhores se estivessem no Governo? Qual é a proposta? Apresentem alguma coisa positiva e construtiva, por amor de Deus!", dizia Sócrates, numa resposta a Paulo Rangel que se repete debate após debate.
E quando concede que a oposição tem esta ou aquela proposta, o PM não poupa nos (des)qualificativos, os mesmos que aplica, genericamente, à acção dos adversários, a quem já acusou de "falta de preparação". "Absolutamente irresponsável", "absolutamente ridícula", "não tem uma base tecnicamente sustentável do ponto de vista económico", "é um exercício infantil", "é ignorância ou mesmo má-fé" são alguns dos comentários de José Sócrates sobre os seus adversários e suas propostas.
Não há debate em que José Sócrates não acuse a oposição - e em particular o PSD, por ser o outro partido de governo - de não ter ideias para o país
Manuel de Almeida/Lusa
7 - Virar as regras ao contrário
"Tenho uma pergunta para si e o sr. deputado tem de responder"
As perguntas ao primeiro-ministro no Parlamento, na tradição do question time inglês, servem para a oposição questionar o Governo, cumprindo o seu papel de fiscalização. Sócrates, no entanto, estabeleceu para si regras diferentes e considera que também a oposição tem o dever de responder às perguntas do PM.
"Ao que julgo saber, isto é um debate, não é um interrogatório! Eu também tenho direito a fazer umas perguntas!", responde Sócrates perante os protestos dos seus adversários, que consideram abusiva a ideia de a oposição ter que se explicar perante o Governo. "Vejo que não respondeu à minha pergunta", vai insistindo Sócrates.
8 - Atirar com estatísticas
"Acham que qualquer dado que não lhes agrade é manipulação estatística"
Alguém disse que os números são fracos: basta torturá-los um bocadinho e eles dizem o que quisermos. Sócrates não poupa nos números e boa parte do seu tempo de intervenção é gasto a desfiá-los. Há sempre um número que responde a uma crítica da oposição. Esta, não se comove, acusando o Governo de trabalhar para a estatística.
"Parece que há alguns que não gostam de estatísticas. Como eu os percebo! Acham que qualquer dado que não lhes agrada é manipulação estatística?", já perguntou José Sócrates. E esta semana, em defesa do valor das estatísticas, lembrou que "é preciso acreditar nos serviços do Estado".
9 - Passar a bola aos ministros
"Se não se importa, responde a essa pergunta o sr. ministro..."
O regimento da Assembleia da República permite que o chefe do Governo delegue as respostas noutro membro do Governo, e Sócrates tem usado esse expediente sempre que necessário - quando são perguntas demasiado sectoriais ou quando o PM tem interesse em desvalorizar a questão.
Bem pode a oposição protestar, lembrando que o debate é com o primeiro-ministro, que este não se comove.
10 - O animal feroz
"Seja sério! O senhor quis foi falar do caso Freeport"
José Sócrates acredita na máxima de que a melhor defesa é o ataque e nem pensa duas vezes antes de soltar o "animal feroz" que um dia disse ter em si. É o que tem feito sempre que alguma pergunta toca ou faz uma tangente às suspeitas do Freeport - é Sócrates a puxar pelo tema, com atitude de toureiro, a fazer passar a ideia de que pega de caras um tema que os outros abordam de cernelha.
No caso do Freeport, o chefe do Governo não hesitou em acusar o PSD de estar por trás de uma "cobarde campanha negra" e de fazer desse o único ponto da sua agenda política. A tese da vitimização pegou.
Ainda no debate desta semana, quando Louçã lhe fez uma pergunta sobre desemprego, Sócrates respondeu: "O senhor acha que deve atacar-me pessoalmente, dizendo que eu prometi 150 mil empregos."
Actualização do texto publicado na edição do Expresso de 27 de Junho de 2009

Uma Vergonha!

Passo a transcrever uma notícia do jornal Expresso (06-07-09):
''Oito anos de prisão para homem que mata companheira''
''O Tribunal Judicial de Viana do Castelo condenou hoje a oito anos de prisão um homem acusado pelo Ministério Público (MP) da morte da companheira, em Barroselas, regando-a com álcool e ateando-lhe fogo com um isqueiro.
O MP acusava o arguido de homicídio qualificado, que tem uma moldura penal entre 12 e 25 anos de prisão, mas o colectivo de juízes considerou que
não ficou provada a intenção de matar e condenou-o por crime de ofensa à integridade física qualificada, agravado pelo resultado morte.
A moldura penal deste crime varia entre quatro e 16 anos de prisão, tendo o tribunal aplicado uma pena de oito anos.
Apesar de sublinhar a "ilicitude muito acentuada" da actuação do arguido, os juízes tiveram em conta, como
atenuantes, o seu estado "de alguma perturbação" no dia do crime, por estar sob o efeito do álcool e a inexistência de antecedentes criminais "de relevo".
O tribunal pesou também o facto de o arguido se ter "mostrado abalado com esta situação", ser "trabalhador" e uma pessoa "estimada pelos colegas".
O colectivo de juízes deu como provado que o arguido, num quadro associado ao consumo de álcool, agredia constantemente, física e verbalmente, a companheira, com quem vivia desde 2002.
Deu ainda como provado que,
no dia dos factos, "quis atingir a integridade física" da companheira, regando-a com álcool e ateando-lhe fogo.
No entanto, o tribunal considerou que o arguido não só não terá tido intenção de matar,
como até nunca pensou que, ao actuar daquela forma, poderia causar a morte.
A convicção do tribunal foi fundamentada no próprio depoimento do agente da GNR que tomou conta da ocorrência e que, na altura, "desvalorizou" o incidente e nem sequer preocupou em recolher elementos de prova, por ter ficado com a ideia de que tudo não teria passado de "mais uma discussão" entre o casal.
Durante o julgamento, o arguido, 47 anos de idade e motorista profissional, negou a autoria do crime e alegou que foi a companheira, três anos mais nova, que se queimou a ela própria e que, além disso, "por ciúme", também o tentou queimar a ele, nos órgãos genitais.
Negou ainda que exercesse qualquer tipo de violência sobre a companheira, nos anos em que viveram juntos.
Os factos remontam a 2 de Março de 2007, na residência do casal, em Barroselas, tendo mulher sofrido queimaduras em 30% do corpo.
A vítima esteve dois meses hospitalizada, em coma induzido, acabando por morrer a 02 de Maio.
No final da leitura do acórdão, a advogada de defesa anunciou que irá recorrer da pena aplicada, enquanto que a advogada de acusação admitiu que "muito provavelmente também o fará".
Os familiares da vítima manifestaram-se revoltados com os oito anos aplicados ao arguido, considerando que esta sentença marcou "um dia muito triste" para todas as mulheres vítimas de violência doméstica.
"O tribunal deu como provado que ele lhe batia sistematicamente, que foi ele que a regou e que ela morreu por causa disso, e aplica oito anos? Mas isto é que é fazer justiça?", insurgia-se Paulo Gomes, irmão da vítima.
Paulo Gomes disse mesmo que toda a sua família "vai deixar de votar", em protesto contra "o estado a que a Justiça no país chegou".
A vítima era mãe de três filhos e tinha ainda a seu cargo três enteados. ''

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Benfica é nosso e há-de ser

Imagine o leitor que o presidente de determinado clube diz publicamente, sobre um jogador que acaba de ser contratado, que não tem qualidade – característica que, aliás, partilha com outro compatriota que joga no mesmo clube desde o ano anterior. Não haverá conferência de imprensa em que jogadores e presidente não sejam confrontados com essas declarações, não lhe parece? E se, para fugir à instabilidade que ele próprio causou, o presidente tentar vender imediatamente os jogadores em causa, o clube comprador não deixará de recordar ao vendedor que está a adquirir os direitos desportivos de jogadores sem qualidade, não acha? Eu acho. E era o que aconteceria se Bruno Carvalho tivesse sido eleito presidente. Depois de, com o sentido de responsabilidade que sempre o caracterizou, ter dito que Saviola e Aimar não tinham qualidade (na sua opinião, "se fossem bons, não vinham para o Benfica"), Bruno Carvalho teria de gerir um clube no qual dois dos principais activos, adquiridos por 11 milhões de euros, tivessem moral e valor reduzidos a nada. Pinto da Costa, se pudesse, não faria melhor.
Bruno Carvalho foi, que me lembre, o primeiro a exigir eleições antecipadas. Depois, foi também o primeiro a defender que a antecipação das eleições era uma batota. Estes factos, entre outros, talvez expliquem a razão pela qual Bruno Carvalho tenha tido menos de metade dos votos em branco. Bruno Carvalho tinha um site, uma lista, um projecto. Os votos em branco, não. Bruno Carvalho deu entrevistas, escreveu comunicados, fretou aviões. Os votos em branco, que eu saiba, não. Ainda assim, ou justamente por isso, os votos em branco conseguiram mais do dobro dos votos de Bruno Carvalho. Karl Marx disse que a História se repetia, primeiro como tragédia, depois como farsa. No Benfica, a História repete-se, primeiro como Guerra Madaleno, depois como Bruno Carvalho.
Naqueles 10 minutos em que foi jogador do Milan, Cissokho disse que era o homem mais feliz do Mundo. Agora que voltou ao Porto, percebe-se que desceu duas ou três posições no ranking de felicidade mundial. O pai de Bruno Alves já garantiu à Sky Sports que é altura de o filho sair do clube. Lucho já saiu para o colossal Marselha, que nos últimos 17 anos venceu – peço desculpa, deixem-me só fazer as contas – é isso: zero títulos. Um dos empresários que representa Lisandro López disse ao Jornal de Notícias que o jogador já assinou um pré-acordo para jogar quatro anos no Lyon. Entretanto, já foram indicados como estando a caminho do Porto os jogadores: Luís Garcia, Falcão, Buonanotte, Tiago, Duda, Diego Valeri e Javier Pastore, entre outros. Se ao menos o Benfica conseguisse ter a estabilidade do Porto…

Campanha Contra Corrida às Urgências

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) está a preparar uma mega campanha informativa para evitar que os portugueses entupam as urgências quando se verificarem os picos de casos da gripe A, adiantou ao DN o director-geral Francisco George. Isto depois de reafirmar que a infecção de 2,5 milhões de portugueses até ao Outono, avançada ontem à Sic Notícias, é "perfeitamente possível".
A grande preocupação das autoridades de saúde é que, num cenário deste tipo, os doentes acorram às urgências, explica Francisco George. Quando o que devem fazer é ficar em casa. Por um lado, porque "o pior que pode acontecer é um paciente ficar numa sala de espera, com o risco de contagiar pessoas", que têm outras doenças e estão mais fragilizadas, diz o médico. Por outro, para evitar um novo colapso dos serviços, como aconteceu em Dezembro passado, numa época de gripe normal, em que mais de 37 mil pessoas se deslocaram às urgências no mesmo dia, fazendo com que o tempo de espera fosse superior a oito horas em alguns hospitais.
Por isso, a DGS insiste que, mesmo no caso dos doentes crónicos, o comportamento correcto quando se tem sintomas de gripe é ficar em casa e ligar à Linha Saúde 24 (ver infografia). "A grande maioria dos doentes nem necessita de medicamentos antivirais, muito menos de ser internada", diz Francisco George, assinalando que a gripe A se tem revelado benigna e fácil de tratar.
Agora, é preciso passar essa mensagem aos portugueses. "Está planeada uma campanha informativa para evitar que as pessoas se dirijam às urgências mas só fará sentido avançar quando tivermos indicações que nos estamos a aproximar dessa fase", explica o responsável. Ou seja, quando o sistema de alerta começar a dar indicações de que estamos a entrar na "onda epidémica".
A campanha incluirá a distribuição de panfletos nos centro de saúde e outros serviços públicos, mas sobretudo publicidade nos meios de comunicação social.
Por enquanto, e apesar de se admitir que Portugal atinja os 100 casos de gripe A nas próximas duas semanas, estamos ainda longe desse cenário. Ontem, foi identificado apenas um novo doente, fazendo subir para 42 o total de casos no País . Trata-se de um menino de dois anos, vindo do México, que se encontra internado no Hospital D. Estefânia, em Lisboa.

Fonte: DN - Patrícia Jesus (6/07/09)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

As criancinhas explicadas a José Sócrates


As semelhanças entre Sócrates e Obama são cada vez maiores: Obama matou uma mosca durante uma entrevista; Sócrates deu uma entrevista em que parecia uma mosca morta.

O leitor habitual desta coluna, acostumado aos prodígios estilísticos do autor, já percebeu que, uma vez mais, há malandrice no título - e é da sofisticada. Reparou certamente que se trata da inversão da vulgar fórmula "X explicado às criancinhas" em que, no lugar do X, costuma estar um conceito complicado. Aqui, em lugar de explicar o complexo aos simples, pretende-se explicar os simples ao complexo. Isto supondo que Sócrates é complexo, o que infelizmente não se verifica: é, aliás, por isso que sinto necessidade de lhe explicar como funcionam as coisas simples. Será interessante constatar, no entanto, que Sócrates, não sendo complexo, possui vários complexos. O mais proeminente é, neste momento, o complexo de inferioridade provocado pelos resultados das eleições europeias. O primeiro-ministro sabe que, por culpa própria, parte em desvantagem para as legislativas, e portanto resolveu seguir a estratégia pueril das crianças mal comportadas na véspera de Natal: adoptam a postura suave e sonsa de quem nunca fez traquinices, comem a sopa até ao fim e prometem dotar mais generosamente o orçamento da cultura. A grande maioria dos miúdos, não por acaso, esquece este último ponto: o objectivo do estratagema é agradar, e se há coisa de que as pessoas não gostam é de quem promete dar dinheiro aos artistas. Não devemos esquecer que, em português, a palavra "artista" é polissémica a ponto de permitir designar tanto a Paula Rego como os automobilistas que fazem idiotices no trânsito, sendo que é usada muito mais vezes para caracterizar os segundos do que a primeira.
É incompreensível, portanto, que Sócrates anuncie medidas impopulares tão próximo das eleições. E a atitude mansa e benevolente, além de soar a falso, revela pouco sentido de estado: não me lembro de alguma vez termos tido um primeiro-ministro bonzinho (e sublinho também a polissemia da palavra "bonzinho"). Por outro lado, o novo comportamento do primeiro-ministro aproxima-o dos grandes estadistas. As semelhanças entre Sócrates e Obama são cada vez maiores: Obama matou uma mosca durante uma entrevista; Sócrates deu uma entrevista em que parecia uma mosca morta. Não sei se o leitor viu as imagens: incomodado por uma mosca enquanto falava com um jornalista, Obama esperou que o bicho pousasse e matou-o. Em situação idêntica, o Sócrates dos bons velhos tempos também matava a mosca. E o jornalista. Agora, na impossibilidade de entrar a matar, o primeiro-ministro mortifica-se. Vendo bem, Sócrates não mudou muito: dantes, amesquinhava os outros; agora, reverte o amesquinhamento para si próprio. No fundo, não deixou de amesquinhar. Como é evidente, prefiro o Sócrates original e autêntico: não me importo nada quando amesquinha jornalistas e adversários, mas levo a mal que amesquinhe o primeiro-ministro do meu país. Acho uma indignidade. Sobretudo porque me deixa sem nada para fazer.

Fonte: Visão - RAP - Quinta-feira, 25 de Jun de 2009

Portugal - Confirmados 23 casos de Gripe A


Ministério da Saúde anunciou hoje, ao início da tarde, mais três casos confirmados de gripe A (H1N1), elevando para 23 o número de situações confirmadas.

"Dos casos em investigação laboratorial, três deles obtiveram resultados positivos para o vírus da Gripe A (H1N1)", refere a nota do Ministério da Saúde disponível no site do Portal da Saúde.
Um dos casos é uma mulher de 54 anos, regressada de Valência (Espanha) e internada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Outro caso é um bebé de oito meses, proveniente de palma de Maiorca e que está internado no Hospital Dona Estefânia.
O terceiro caso corresponde a uma mulher de 43 anos, vinda do Canadá e que está internada no Hospital de Angra do Heroísmo, nos Açores.
Este caso já tinha sido hoje anunciado pela Secretaria Regional de Saúde dos Açores.
"Portugal tem, neste momento, 23 casos confirmados laboratorialmente de infecção pelo vírus da Gripe A (H1N1), todos eles importados", refere a mesma nota do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde refere que a "totalidade dos casos registados desde o início de Maio alerta para o reforço das medidas de prevenção já tomadas e que têm como objectivo a imediata localização e contenção dos casos".
Adianta ainda que, tendo em conta a situação mundial, a possibilidade de aparecimento, em Portugal, de mais casos positivos para o novo vírus da gripe é uma realidade para a qual o país está preparada.
"O Ministério da Saúde tomará as medidas previstas no Plano de Contingência que venham a revelar-se necessárias em cada momento e garante que as autoridades de saúde monitorizam permanentemente o evoluir da situação", sublinha o comunicado.
Tendo em conta o crescente número de casos suspeitos que diariamente são investigados, o Ministério da Saúde decidiu comunicar, a partir de agora, apenas aqueles cujos resultados se revelem positivos.

Fonte: DN (edição on-line de 2 de Julho)