sábado, 31 de outubro de 2009

Associação Portuguesa de Árbitros do Porto

Dias depois de ter nomeado um árbitro do Porto para um jogo do Benfica, a Comissão de Arbitragem nomeou outro árbitro do Porto para um jogo do Benfica. O portuense Jorge Sousa dirigirá o Braga-Benfica de hoje. Para o Benfica, a APAF é, na verdade, uma APAP: Associação Portuguesa de Árbitros do Porto. Ao que parece, os árbitros oriundos da cidade do Porto estão mais qualificados para arbitrar os jogos do Benfica. Trata-se de uma coincidência que, aliás, se saúda: sempre é da maneira que a cidade do Porto consegue ter um elemento seu ligado a um bom jogo de futebol. Nos dias que correm, já é bem bom.
Dias depois de Bruno Alves, com risco para a sua própria integridade física, ter tido a grandeza de esticar a perna e pontapear a cabeça de um jogador da Académica que se encontrava caído, Jesualdo Ferreira avisou que estará atento à conduta de Pablo Aimar. Faz sentido. Quando caiu na área do Nacional, Aimar podia ter alçado a perna para atingir o adversário na cabeça e não o fez. Estamos perante um comportamento que só pode causar estranheza no Estádio do Dragão. Ontem, Bruno Alves aplicou uma joelhada na nuca de um adversário. Como se costuma dizer, o campeonato é uma prova de regularidade, e Bruno Alves é mesmo muito regular.
Dias depois de ter recebido variadíssimos prémios por causa do brilharete que fez na época passada, a equipa do Porto (e também o Hulk) empatou em casa contra um forte conjunto que o Benfica cilindrou por 4-0 fora. A equipa do Porto (e também o Hulk) teve algumas dificuldades, mas merece o benefício da dúvida: Falcao está a demonstrar que é um muito razoável suplente, bem como um tal Rodríguez. Quanto aos outros problemas, serão fáceis de solucionar: se houver uma bola para a equipa do Porto e outra para o Hulk, jogará cada um para seu lado na mesma, mas sempre se entretêm mais.
Dias depois de Pinto da Costa ter dito que o Braga era o principal adversário do Porto, os bracarenses queixaram-se de terem sido prejudicados pela arbitragem. Se há surpresas no futebol português, esta é uma delas: o principal adversário do Porto, roubado? Não posso acreditar. Terei de ver o resumo do jogo em causa, mas até lá sinto-me tentado a acreditar que estamos perante um grande exagero.
Dias depois de terem perdido por 3-0 no Dragão, com um penalty que consideraram duvidoso e duas expulsões que lhes pareceram injustas, jogadores e técnicos do Nacional da Madeira perderam por 6-1 na Luz, com um penalty que consideraram duvidoso e duas expulsões que lhes pareceram injustas. A única diferença foi que, na Luz, marcaram um golo ilegal validado pelo árbitro (curiosamente, portuense). Por isso, criticaram duramente a arbitragem, enquanto no Dragão se mantiveram caladinhos que nem ratos. Manuel Machado gosta muito de falar caro, mas infelizmente é um fala-barato. E Ruben Micael disse que, no intervalo, aconteceram coisas no túnel, mas não quis revelar quais. Logo por azar, Ruben Micael tinha prometido, antes do jogo, que marcaria um golo na Luz, o que não viria a verificar-se. Não admira que já ninguém acredite muito no que diz Ruben Micael sobre o que vai acontecer ou já aconteceu na Luz.

Ricardo Araujo Pereira - Jornal abola 31-10-2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O poder do 'Gato Fedorento'

Marcelo Rebelo de Sousa temperou o programa 'Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios', o antepenúltimo, com um sorriso "matreiro" que, aliás, o próprio Ricardo Araújo Pereira devolveria a Marcelo numa das perguntas. O professor deixaria entretanto cair, no meio das gargalhadas - permitam esta linguagem felino-fedorenta -, alguns 'calduços' no poder, sobretudo no dos Gato que ali foram expondo, ao longo de mês e meio, primeiro-ministro, líderes da oposição actuais, antigos e putativos, e ainda muitas outros personagens do poder "tradicional", como lhe chamou Marcelo em contraponto com o poder dos humoristas. Com o pretexto de esmiuçar os sufrágios e num ciclo eleitoral intenso, o programa conseguiu audiências médias superiores a 1,3 milhões de espectadores. Manuela Ferreira Leite falou e até sorriu, durante alguns minutos, em plena campanha, para perto de dois milhões de espectadores. Paulo Portas teve uma audiência ligeiramente superior e o menos apelativo seria Moita Flores. Mesmo assim, o autarca de Santarém prendeu ao ecrã 1,061 milhões de espectadores. Era também deste poder que Marcelo falava, um poder, acrescenta, de que "os mais chatos" não desfrutam.
Mas o que verdadeiramente esmiuçaram os gatos? Ainda que sempre dispostos a fazer humor na surpreendente e incómoda pergunta virada e revirada à medida da piada, a resposta dos Gato à pergunta do Expresso foi enviada por e-mail: "Só respondemos por escrito", explicou-nos José Diogo Quintela. Respeitamos e transcrevemos a resposta: "Como o nome do programa sugere - de forma bastante subtil, aliás -, pretendíamos esmiuçar as eleições. Temos dúvidas de ter alcançado esse objectivo, mas já ficávamos satisfeitos se, em trinta programas, os espectadores tivessem achado alguma graça a dois".
Talvez com mais subtileza, Marcelo dava a sua opinião, nos bastidores, dizendo que "o humor aproxima tudo de todos". E que, "num formato curto e rápido", os espectadores vão abocanhando a actualidade política sem a "chatice do discurso politiquês", citando, nesta última expressão, Pacheco Pereira. É uma explicação para o corrupio de políticos à mesa de Ricardo Araújo Pereira.
"A classe política não fez fila para desfilar no nosso programa, no sentido em que quem esteve presente não o fez por se ter de alguma forma insinuado a ser convidado. Convidámos as pessoas, e as que acharam por bem aceitar estiveram no programa", dizem os Gato. Mas porque é que quase toda a classe política se expôs ali, apesar do desconforto de algumas perguntas? Dava para dizer que na política só há dois tipos: os que foram aos gatos e os que não foram, e nestes incluem-se Pacheco Pereira mas também Cavaco Silva. Ora, regressando ao humor, de tudo o que pingou das tertúlias humorístico-políticas, a entrevista a Marcelo seria, caso fosse a derradeira, uma boa despedida. Mas mais dois estavam já na linha de montagem: um virado para o futuro próximo, com Francisco Assis e Aguiar Branco - dois líderes parlamentares, da situação e da oposição - e outro, que seria com o Presidente da República, mas que este acabou por recusar. Cavaco confessaria a sua simpatia pelo humor dos Gato Fedorento e pelo programa em questão, mas, pelos vistos, com o chefe de Estado não se brinca.
O humor é assim, poderoso. Há até quem diga que mata, mas será também uma boa porta para a aproximação dos mais jovens à política? "Eventualmente, mas nunca foi nosso objectivo cumprir essa função. O nosso único objectivo é fazer humor", dizem os Gato. Mas Rafael, estudante do ISCTE, que fez fila para assistir, ao vivo, a este programa, garantiu que foi o humor de Ricardo, Zé Diogo, Miguel e Tiago que o "aproximou dos temas políticos" - e confessa que "contribuiu" para a sua opção de voto.
Humberto Costa (www.expresso.pt)
23:57 Quinta-feira, 29 de Out de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mão robótica sensível

Foi criada uma mão robótica que permite aos amputados sentir o que estão a agarrar, para um controlo mais preciso dos movimentos.


De acordo com o site Physorg, a mão robótica foi criada, desenvolvida no âmbito do projecto Smart Hand, foi criada por investigadores da Universidade de Lund na Suécia e da Scuola Superiore Sant'Anna, em Itália.Esta prótese avançada demorou dez anos a ser criara e inclui quatro motores e quarenta sensores desenhados para providenciar sensação à pessoa que a usa. É o primeiro dispositivo do género a enviar sinais para o cérebro, permitindo ao utilizador experimentar sensações nos dedos e na mão.
Apesar dos avanços, a Smart Hand ainda está longe de funcionar como uma mão normal, visto nesta que existem milhões de sensores nervosos.A BBC fez uma reportagem sobre o primeiro implantado com a Smart Hand.

sábado, 24 de outubro de 2009

Jorge Jesus não tem mão na equipa

Lamento muito, mas um adepto não deve apenas dizer bem. Sobretudo quando é fácil. Apesar do bom futebol, das vitórias, do imenso receio que o Benfica inspira aos adversários, da profunda satisfação que todos os benfiquistas sentem quando vêem a equipa jogar, nem tudo corre bem. Um treinador deve exercer um controlo perfeito sobre a equipa e Jorge Jesus, por muito que me custe admiti-lo, não consegue. São já várias as conferências de imprensa em que o treinador do Benfica lembra que a equipa não pode golear sempre. Os jogadores, num acto de indisciplina recorrente, e que mereceria castigo sério, continuam a desmenti-lo. Quando chegou ao Benfica, Jorge Jesus disse que os jogadores iriam jogar o dobro do que haviam jogado no ano passado. Neste momento, os jogadores jogam o quádruplo do que Jorge Jesus pensava que eles iam jogar. É muito feio faltar ao prometido.
As falsas expectativas que o treinador do Benfica lançou no início da época tiveram efeitos muito negativos até na minha vida pessoal. Quando soube que o Benfica jogaria o dobro do que havia jogado no ano passado fiquei contente, mas não demasiado. O Benfica não jogava assim tanto para que a perspectiva de passar a jogar apenas o dobro fosse especialmente apelativa. Por isso, cometi a imprudência de marcar compromissos profissionais para dias de jogo do Benfica. Não pude ver no estádio a goleada ao Everton e fui forçado a acompanhar a goleada ao Belenenses apenas na televisão. Tivesse Jorge Jesus sido rigoroso e eu teria metido licença sem vencimento até ao fim da época.Muito embora o Benfica seja, neste momento, uma máquina de triturar equipas e fazer golos, muita gente adverte ainda para os perigos que podem resultar do entusiasmo dos benfiquistas. Pelos vistos, o entusiasmo benfiquista é perigoso. Quando as outras equipas perdem, o adversário joga melhor. Quando o Benfica perde, a culpa é do entusiasmo dos sócios. Não se percebe a razão pela qual os outros treinam: segundo esta curiosa teoria, basta entusiasmarem-nos o terceiro anel para estarmos em apuros. O mais interessante é que o mesmo entusiasmo, tão contraproducente, também é apontado como um factor que nos beneficia. Sportinguistas e portistas queixam-se de que a onda de entusiasmo contagia os jornais e empurra o Benfica, o treinador do Braga lamenta que o Benfica seja levado ao colo pela euforia dos seus próprios adeptos. Em Portugal, ser levado ao colo pelo entusiasmo dos adeptos é crime, ser levado ao colo pela arbitragem é dirigismo brilhante. O treinador do Braga, por exemplo, nunca se queixou disso. Calha sempre estar a olhar para o chão.

Por Ricardo Araújo Pereira, Edição 24 de Outubro 2009 - Jornal "A Bola"

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saramago é português, ponto final!

As convicções de José Saramago são bem conhecidas. Assim como a qualidade da sua escrita, reconhecida pelos leitores e pela Academia Sueca. Perante estes factos, pode-se, com toda a legitimidade, optar por quatro posições em relação ao Nobel: admirar tanto as suas ideias como a sua obra, admirar as ideias mas não a obra, detestar as ideias mas admirar a obra ou, ainda, detestar ambas.

O que não é legítimo é questionar o portuguesismo do escritor sempre que se discorda dele. E por muitos choques que Saramago tenha tido, ou venha a ter, com sectores da sociedade portuguesa, é português, ponto. Nasceu em Portugal, estudou numa escola portuguesa, escreve em português, casou-se uma primeira vez com uma portuguesa, tem uma filha portuguesa, trabalhou em jornais portugueses, foi candidato a cargos políticos portugueses. Nos últimos anos, como é sabido, tem vivido em Espanha e casou-se com uma espanhola, nada que ponha em causa a sua condição de português. Nem o próprio, apesar de iberista, alguma vez disse que resignava à cidadania portuguesa.

Como em 1992, com O Evangelho segundo Jesus Cristo, que o Governo português recusou candidatar a um prémio internacional, a polémica ressurge com Caim, que também aborda um tema religioso. Que o comunista Saramago reafirme o ateísmo aos 86 anos não surpreende, o que surpreende é a reacção indignada de figuras da Igreja Católica e a solidariedade instintiva de certos sectores políticos. Não só vivemos num país onde existe liberdade de expressão, como a separação entre Estado e Igreja está na Constituição. E isso é que é digno de todo o destaque.

Retirado do Editorial do Diário de Notícias (22 de Outubro de 2009)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A minha pátria já está no Mundial

Bom, não estará completamente, mas para lá caminha. Não quero parecer demasiado optimista. É certo que faltam ainda uns dois jogos decisivos mas, em princípio, em breve fica tudo resolvido e a minha nação estará na África do Sul: Luisão e Ramires já se apuraram, Aimar e Di María (e, quem sabe, Saviola) também, Óscar Cardozo está igualmente qualificado, Quim, César Peixoto e Nuno Gomes podem estar quase, assim como Maxi Pereira, e o seleccionador de Javi Garcia já disse que o tem debaixo de olho. Vai ser um Mundial em cheio, talvez como o de 1990, em que também estivemos presentes. Decorria a fase de grupos quando o meu primo me telefonou: «Estás a ver o jogo do Benfica?» Claro que estava. Boa parte das pessoas chamava-lhe Brasil-Suécia, mas era o jogo do Benfica: Ricardo Gomes, Mozer, Valdo, Schwarz, Thern e Magnusson como titulares, e Glenn Stromberg ainda entrou, para dar ao jogo um cheirinho a velhas glórias. Foi um belo desafio dos meus compatriotas. Espero que o próximo Mundial me traga mais desses.Talvez a maioria dos leitores não compreenda, mas sempre senti que o meu país é o Benfica. Sou português, claro, até porque o Benfica é português. Sou lisboeta, até porque o estádio da Luz fica em Lisboa. Mas a minha pátria é o Benfica. Sempre achei que pertencia mais ao país de Schwartz, Valdo e Filipovic do que ao de Fernando Couto, Jorge Costa e Sá Pinto. Os jogadores do Benfica são meus compatriotas; os da selecção nacional, nem sempre. Muito provavelmente, o leitor considerará que sou estranho, mas eu sinto-me muito mais compatriota de Ruben Amorim ou Fábio Coentrão do que de Liedson ou Pepe. É absurdo, eu sei, mas é assim.
Tenho estado a fazer uns tratamentos e aguardo resultados positivos em breve. Todos os dias, escrevo 10 vezes num caderno a frase «O Benfica não é obrigado a golear todos os jogos». E depois leio e finjo que acredito. Tudo isto serve para tentar moderar o entusiasmo, que é injustificado. O calendário tem sido favorável ao Benfica. Ainda não defrontou Porto, ou Sporting, o que já aconteceu com os outros. O Benfica limitou-se a dar três ao facílimo Paços de Ferreira (que empatou com o Porto) e dar quatro ao muito macio Belenenses (que empatou com o Sporting). Tudo jogos fáceis, claro. O avanço do Benfica não significa nada. Basta-me repetir esta frase um bom número de vezes e pode ser que passe a acreditar nisso. Os sportinguistas e portistas já conseguiram. Deve ser uma tarefa simples.

Por Ricardo Araújo Pereira - Edição 17 de Outubro 2009, Jornal "A Bola"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mundo passou o limiar dos mil milhões de esfomeados

Amanhã é Dia Mundial da Alimentação,
uma data que celebra um bem escasso
para um sexto da humanidade.

É mais um número, desta vez redondo: mil milhões de pessoas no planeta têm fome, mais nove por cento do que no ano passado. Visto em perspectiva, quase um sexto da população mundial. Resultado da crise? Sim, sem dúvida. Mas não só. É sobretudo resultado do fracasso das intenções mil vezes anunciadas, mas que falham por nunca alcançarem o terreno e resolverem o básico - erguer ou reerguer a agricultura em inúmeras partes do mundo.
A contabilidade era esperada. Segundo o relatório sobre a insegurança alimentar mundial, da Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM), 1,02 mil milhões de pessoas têm fome em 2009. A curva tem sido ascendente nos últimos dez anos, depois de ter decrescido na década de 80 e princípio da de 90. Já se ultrapassou, em termos absolutos, os números da fome de 1970, quando as campainhas soaram e se deu a chamada "revolução verde" que pôs a agricultura no centro das soluções.
Mas, a partir de meados da década de 90, o investimento na agricultura começa a declinar. Em 1970, 20 por cento da ajuda ao desenvolvimento ia para este sector. Nos últimos anos, desceu abaixo dos cinco por cento.
"Não se resolve o problema da fome do mundo sem estruturas agrícolas", não tem dúvidas Manuel Correia, presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. E, em muitos países, estas estão destruídas, são inexistentes ou estão desfasadas das necessidades.
Mas como voltar a pôr a tónica na agricultura? Muitos acreditam que o problema só se resolve a nível doméstico. Dizem-no com base nas estatísticas do comércio internacional, já que apenas 20 por cento do que é produzido nos diferentes países é vendido ao exterior, 80 por cento é autoconsumo. A solução para o problema não repousa, assim, no comércio livre, embora este possa representar o seu papel, defendem.
Pelo contrário. Num cenário de crise económica como a actual, a dependência das importações ainda condena mais os pobres à míngua, salienta a FAO. Sobretudo porque muitos dos que passam fome estão nas cidades e esses dependem mais do mercado mundial do que do doméstico.
Regresso à agricultura
Depois da chamada "crise alimentar", que levou à alta dos preços das matérias-primas em 2007, o mundo percebeu que a ajuda ao desenvolvimento tem de voltar a passar pela agricultura. Salientaram-se as mais-valias da investigação e tecnologia, a urgência de infra-estruturas nos países mais pobres - desde as agrícolas às vias de comunicação para facilitar o escoamento dos produtos -, a necessidade premente de apoios, sobretudo aos pequenos produtores. Foram prometidos mas tardam em chegar, lembra também a FAO.
Mas quem está no terreno olha para estas intenções com cautela. "Neste debate tem de se envolver os pobres, os agricultores, aqueles para quem os projectos se destinam", salienta Manuel Correia. Porque cada país é um país, cada aldeia é uma aldeia. Têm culturas próprias, hábitos enraizados e de pouco adianta tentar impor um modelo agrícola, se as populações nem sequer o compreenderem.
Há outro dado importante: o aumento demográfico. Embora este tenha desacelerado, o certo é que continua e em 2050 estarão 9,1 mil milhões de pessoas sobre a Terra quando actualmente estão 6,8.
Na busca de soluções para aumentar a produtividade das terras e alimentar uma população crescente, há que ter em conta outros factores incontornáveis: a necessidade de terras e água - que escasseiam - e o combate às alterações climáticas, que não admite soluções que aumentem a produção de gases com efeito de estufa (como alguns químicos agrícolas, a desflorestação para libertar terras ou a pecuária intensiva).
Se esta equação já não era fácil, a crise veio piorar ainda mais a situação, pondo mais a nu a fragilidade dos sistemas de segurança alimentar do planeta. Mesmo os casos de sucesso - América Latina e Caraíbas -, que tinham conseguido estancar o crescimento do número de pessoas com fome, acabaram por ser afectados.
Até porque esta é uma crise diferente, salienta a FAO. Atinge várias partes do mundo simultaneamente, reduzindo a capacidade de resposta. Surge a coroar a crise alimentar, que tinha atingido com violência os mais frágeis, deixando-os sem defesas para novos embates. E, num mundo cada vez mais globalizado, os países em desenvolvimento ficaram mais vulneráveis às alterações dos mercados.
Nesta turbulência sucumbem milhões, cada vez mais enredados numa espiral de pobreza. A passagem da barreira dos mil milhões é apenas mais um marco numérico que talvez sirva para abanar as consciências políticas, esperam as agências das Nações Unidas, que todos os dias lembram que as promessas estão por cumprir e que o apoio ao desenvolvimento é cada vez mais escasso.
Por Ana Fernandes
Edição de 15 de Outubro de 2009 do jornal Público.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

35 razões para deixar de fumar

1. Vai ter menos rugas, fumar envelhece a pele.
2. Após o primeiro ano sem fumar, terá poupado o suficiente para umas férias de sonho.
3. O seu hálito será muito melhor.
4. Deixa de ressonar.
5. Vai viver o suficiente para brincar com os seus netos.
6. Não vai ter que se preocupar com a impotência.
7. Não tem de sair do restaurante a meio da festa para ir fumar.
8. Vai poupar dinheiro na limpeza a seco.
9. Vai ter mais energia.
10. Vai viver mais tempo.
11. A sua casa e carro vão ter um melhor ambiente e cheirar melhor.
12. Nunca mais terá de pensar em como o tabagismo dá cabo da sua saúde.
13. Em média um pessoa tenta parar de fumar, pelo menos, quatro vezes antes de ser bem sucedido, não desista.
14. Não vai ter que esconder que fuma de ninguém.
15. Só vai ter de parar nas bombas de gasolina para encher o depósito.
16. Vai ficar em melhor forma.
17. Com o tempo, vai ter a mesma esperança de vida de um não tabagista.
18. O(A) seu(sua) companheiro(a) terá menos probabilidades de desenvolver uma doença cardíaca ou cancro do pulmão.
19. Vai tossir menos.
20. Vai apreciar melhor o sabor e cheiro dos alimentos.
21. Os seu filhos serão mais saudáveis.
22. O batom não vai esborratar por causa do cigarro.
23. Não precisa de se preocupar se as pessoas que estão consigo se incomodam com o fumo do tabaco.
24. Vai ter dentes mais brancos.
25. Não precisa de procurar a zona de fumadores em todos os sitios onde vai.
26. Ninguém mais o vai chatear para parar de fumar.
27. Nem ter de ouvir que beijar um fumador é como lamber um cinzeiro.
28. Existem medicamentos para ajudar a parar de fumar que também evitam o ganho de peso.
29. As sua plantas não vão ficar murchas.
30. A sua roupa vai deixar de tresandar a tabaco.
31. Os seus dedos vão deixar de ser manchados.
32. Menos uma coisa para ter de levar de um lado para o outro.
33. Os seus pulmões vão agradecer.
34. Vai se livrar de uma coisa que controla a sua vida.
35. Vai ser um bom modelo para os seus filhos.

Opinião | O martelo e a linha de cozer

As muitas decisões que agora cabem aos tribunais relativamente aos menores, contrastam com as raras vezes em que, no passado século, eram os pais os pilares da educação e os principais actores nos papéis decisórios. A vida de muitas crianças passa agora por ser controlada pelos tribunais, juízes mais ou menos capazes, mais ou menos imparciais. Estas crianças assistem aos seus progenitores serem passados para trás, sendo um juiz a fazer o papel de mediador, passando a ser ele aquele que ensina, que formula, que decide. É de notar que muitas vezes são os próprios pais, achando-se incapazes que põem essas decisões nas mãos dos juízes.

Estas são apenas as consequências de uma sociedade alterada, não necessariamente pior do que a anterior, mas sim diferente. Os nossos precedentes eram, tal como nós, a base de uma sociedade como a actual, má e boa, permissiva e autoritária, rancorosa, afectiva, simples e complicada. Enfim, somos iguais, talvez não nas mesmas fatias, mas somos uma cópia do mau e do bom.
O facto é que a velocidade trouxe por arrasto o conhecimento e com ele tomou realce todas as coisas boas do ser humano, mas ao mesmo tempo que realçava o bom, esse, contrastava cada vez mais com o lado negro dessas que são as peças fundamentais da sociedade: as pessoas. Ou seja, salta à vista de todos, mesmo que cegos, que ser mãe e ser pai não é necessariamente ser Mãe e ser Pai. Daí que seja absolutamente necessário... legislar.

Parece-me a mim, contra natura (apesar de concordar que se faça), que tenhamos, como sociedade, de legislar como deve um/a pai/mãe interiorizar um sentimento, como o deve sentir, como se se pudesse ensinar a alguém como respirar... ‘’inspiras assim, e depois expiras assim, continuamente, e para o resto da tua vida’’.

Em termos práticos sabemos que são tomadas muitas decisões acertadas em tribunal, e isto porque o legislador pensou em primeiro lugar na criança. É tomada, sempre, em muita consideração o superior interesse desse ser.
O problema é que também aqui a justiça falha. Se falhamos uma vez que seja, em mil, a sociedade ressente-se, temos uma lacuna! A culpa passa a não ter dono, porque é ofuscada pela sociedade “maquinizada”. Vale a pena acrescentar que a sociedade pagará por isto mais tarde, porque essa criança irá apresentar factura.

Eu sei que a sociedade não é perfeita, e a imperfeição acaba por tocar, mais ou menos, de leve ou em soco em cada peça que a compõe. Ao de leve, sustem-se a respiração um pouco e passa. Mas quando a imperfeita sociedade dá um soco na frágil estrutura de uma criança, essa marca perdurará até ao ínfimo pormenor do seu ser. Sendo um ciclo altamente vicioso, ela terá também influenciado a imperfeita e renovada sociedade que virá.
Mas deixando de lado a apreciação demagoga, passemos ao estado bruto e delicado do assunto.

O/A Pai/Mãe é a quem primeiro é dada a escolha natural de educar, assegurar, cuidar dos seus filhos. Falámos antes, de que nem sempre esse parente opta, pelos mais variados motivos, por ser o que a Natureza lhe diz para ser.
Tal como a natureza do ser humano, sem que se lhe ensine nada, nasce e respira, uma mãe e um pai, são, na maior parte das vezes, sem precisar de mandamentos ou instrução, Pais e Mães.
Somos muitos os tipos de pais/mães, dependentes, assustados, organizados, carinhosos, orgulhosos, imperfeitos, mas pais e mães. A dependência nasce e cresce em cada um de uma forma assustadora, faz tremer e temer. Vem a pouco e pouco e quando percebemos já somos dependentes de um sentimento, já não há nada à nossa volta que supere a ambição de educar a criança. Sabemos que não temos as indicações de como fazer esse papel nas perfeitas condições, temos sempre falhas, que mais ou menos vão influenciando uma criança. Mas também temos toda a certeza de que se não pusermos tudo de nós, com o bom e com mau à mistura, não estamos a dar o que um Filho merece.

Até aqui nenhum juiz é chamado a intervir. Não é preciso. Não há quem melhor pudesse cuidar dessa criança.
Ele aparece como sentenciador no momento em que algum ou ambos os pais não estão, por motivos psicológicos, químicos, genéticos ou naturais, preparados para assegurar o bem-estar físico e emocional da criança.
Cabe a toda a sociedade identificar quem são esses pais, que com ou sem culpa, não conseguem zelar pelos filhos.

Numa qualquer tese de doutoramento, que abranja, mesmo que parcialmente este assunto, incluirá a distinção dos vários tipos de pais/mães, detalhando as consequências de actos e omissões, tipos, tipologias, nomes comuns, substantivos, alcunhas, pseudónimos e nomenclaturas complicadas.
Mas a realidade funde-se com a fantasia em muitos casos. É de lamentar que os pais sejam imperfeitos? Não. É de lamentar que os pais finjam a perfeição? Sim.
É de lamentar que um/a pai/mãe tenha como secundário um filho, ou, mesmo que tendo-o com principal, seja como arma de arremesso para quem julgue necessitar atingir? Sim, e muito.

Assim, vou-vos falar, especificamente, de um certo tipo de pai: o pai-agulha. O pai-agulha, tal como a agulha, pode ser definida de diversas perspectivas. Pegando na perspectiva mais óbvia, a agulha é um objecto metálico que serve para coser. É pontiaguda e afiada.
Ora, o pai-agulha também ele é afiado, e até pode em determinados e raros momentos ser o que lhe compete, mas nunca deixa de ser afiado. Rebenta muitos balões, faz muito barulho, afia-se aos outros, e sempre que pode fere.

Este pai, reclama o filho não porque o queira ou porque por ele tenha cuidado, mas porque encontra nesse protesto uma forma de prolongar um litígio, que vai muito além, da separação com o outro progenitor.

Como nos devemos colocar diante de um progenitor que, embora se assuma como pai de diversas crianças, tome acordo para uma delas, recusando o contacto ou negligenciando, continuamente uma outra?

Como nos devemos colocar perante um pai que não tem qualquer percepção da sua função, que não interiorizou, nem tem no seu consciente qualquer dívida para com o filho? Entendendo-se ele como um ser superior, interioriza que tem “algo” que lhe pertence, passando por cima de todos, incluindo a criança (que vê como moeda), abrindo caminho para uma virtual justiça sobre o seu virtual direito de posse.

O pai-agulha quer ferir o outro progenitor e usa o Filho como linha de coser.
Desconhece a expressão e sentido da parentalidade relacional. Baseia-se nos termos e significados de vingança, poder, necessidade, termos que lhe alimentam o ego, sem o qual já não consegue viver.
Aproxime-se o juiz e decida que os filhos de um pai-agulha, são, sem perceberem, esmagados por uma fantasia. Sr. Juiz! Afaste estes pais, estes, que retiram aos verdadeiros progenitores a noção de espaço e tempo, que os torturam, torturando consequentemente, as próprias crianças.
Não cosam com a agulha que vos quer ferir.

Bate o Martelo do Juiz... para fazer de Pai.


Anónimo 7 de Setembro de 2008

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E-Livros

Parece-me interessante este e-livro sobre cidadania: ''A Cidadania de A a Z''.
Este sítio na internet é essencialmente dirigido a crianças, mas não faz mal se os adultos espreitarem. Para quem tem filhotes, vale a pena deixá-los folhear.

http://e-livros.clube-de-leituras.pt/elivro.php?id=cidadaniadeaaz

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que existe numa chávena de café?

Raro é o português que dispensa o seu café pela manhã. Mas será que sabe mesmo o que está a beber quando bebe a sua bica? A revista Wired foi saber e o resultado da composição química do café é tão surpreendente como fascinante.
Cafeína - Ok, esta parte era fácil e provavelmente a razão porque todos nós o consumimos. A cafeína é uma toxina de um tipo de plantas, tal como a nicotina ou a cocaína, que estimula o cérebro ao bloquear os neuroreceptores da adenosina, o químico do sono.
Água - Cerca de 98,75% de uma chávena de café é água. H2O quente é um dissolvente poderoso que faz soltar os sabores dos grãos de café.
2-Etilfenol - Esta substância presente no café é também um dos componentes das feromonas que fazem parte do sistema de alarme para os perigos das colónias de baratas.
Ácido Quínico - Concede ao café o seu ligeiro sabor amargo. E é um dos componentes químicos que entram na fórmula do Tamiflu.
3,5 Ácido dicafeoilquínico - Antioxidante poderoso que protege os neurónios. E uma boa desculpa para não dispensar a sua bica...
Dimetil dissulfato - Este componente advém de se torrar os grãos de café verdes. Por coincidência, é um dos componentes que concede às fezes humanas o seu odor...
Acetilmetilcarbinol - Um líquido amarelado de cheiro agradável obtido de vários carbohidratos é o que concede aquele sabor amanteigado ao café. É ele que ajuda a dar à manteiga o seu sabor único, e é também um dos químicos utilizados nas pipocas de microondas.
Putrescina - Esta substância que se encontra nos tecidos mortos está naturalmente presente nos grãos de café. Cheira, como o nome indica, pior que mal...
Niacina - Ácido de nicotina ou vitamina B3. Se beber dois ou três bicas por dia terá ingerido metade das suas necessidades diárias desta vitamina.
Trigonelina - É uma molécula da niacina. É o que concede ao café o seu sabor adocicado. Curiosamente, é ela que ajuda a que as bactérias Streptococos que causam as cáries se agarrem aos dentes.

fonte:www.expresso.pt

sexta-feira, 2 de outubro de 2009