terça-feira, 16 de junho de 2009

Desviar a atenção para o outro para que não olhem para ti!

Somos um País de cidadãos que nascem e crescem à custa de apontar o dedo ao outro.
Deliramos descobrir erros alheios como se isso fosse uma forma de subir na vida, ou atingir um mestrado, ou o destaque do dia. Se os outros erram, sentimo-nos felizes porque não fomos nós e, pelos nossos erros ainda ninguém deu. Sentimos que cresceu o nosso ser... porque alguém falhou. O erro cometido por outrém, é a valorização dos restantes... Julgar o erro na praça pública traduz a emancipação do bem sobre o mal, os benfeitores unem-se e discutem que: ''nunca cometemos este erro, somos os bons!'', mas nos íntimos correm as ideias de que talvez o tenham feito, ou tenham pensado fazer, ou ajudaram algum a cometer esses mesmos erros, e piores, e piores. Mas é melhor chamar-lhes antes que nos chamem a nós.
Julgar alivia a alma, e alivia-a de uma forma tão surprendente que as vidas dos que ''nunca erraram'' corre-lhes melhor enquanto não esquecem o assunto, enquanto falam dele, enquanto ele está presente.
No nosso País conversa-se assim:
- Como estás?
- bem, obrigado, e tu?
- Também. Que tens feito?
- Estou a trabalhar numa grande empresa, estou a ganhar muito bem, a vida corre-me bem. E tu?
- Eu estou numa fábrica, não ganho muito bem, mas vai dando.
- Ainda bem que tens emprego, já não é mau! E a mulher e os filhos, como estão?
- Também estão bem... mas e tu? já casaste, filhos?
- Sim, e tenho um filho lindo e saudável, somos todos muito felizes.
- ok, ainda bem. Mas tenho ir, é que não consigo encontrar problemas na tua vida, não consegui vasculhar os podres. Provavelmente estás a mentir quando dizes que está tudo bem, não pode estar tudo bem... tens de ter erros de socialização, tens de ganhar mal, tens de ter uma má relação com a tua mulher ou filho, tens de ter!! Como posso eu falar contigo sem ser para te passar a mão nas costas e dizer que ''vai correr tudo bem'' ou recreminar-te de que '' não podes ser assim''?? Como posso eu falar contigo assim? por isso... '' Vai à tua vida, vai embora, desaparece e volta quando tiveres algo que eu posso criticar, só assim me sentirei bem, maior, mais crescido, só quando te diminur é que conseguirei crescer.''
Os portugueses precisam ver as falhas dos outros para que essas suprimimam as falhas individuais de cada um.
Esta sociedade precisa de ver o mal nos outros, ninguém pode estar sem errar muito tempo, tem de haver quem julgar... se não é por uma coisa pode ser por outra qualquer.
É assim, no nosso País, Cidade, Vila ou Aldeia, desviamos as atenções para cima dos outros antes que olhem para nós.
Salvem-se os que puderem!

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