sexta-feira, 1 de maio de 2009

Quenianas fazem greve ao sexo

Mulheres desafiadas a um embargo sexual durante sete dias para forçarem os homens do país a porem fim à crise no Governo. Todas são convidadas a fazer greve, desde as prostitutas, até à primeira dama.

O Quénia voltou a mergulhar num impasse político e muitos temem o regresso da violência que há ano e meio causou mais de mil mortos. O antigo mediador e secretário-geral da ONU, Kofi Annan, já apelou a uma conciliação entre rivais.
Além dele também as mulheres quenianas estão apostadas em forçar um entendimento político. E, para isso, estão a convidar as mulheres do chefe do Estado e do Governo a aderirem a um embargo sexual durante uma semana inteira.
O apelo, lançado esta semana, partiu da Organização para o Desenvolvimento das Mulheres, federação de grupos feministas que aposta na greve ao sexo para pressionar os homens do país. As destinatárias são todas as quenianas, incluindo as prostitutas. E sobretudo Lucy Kibaki e Ida Odinga, por estarem casadas com os dois homens mais poderosos do Quénia: Mwai Kibaki e Raila Odinga. Antigos rivais, governam juntos, num Executivo de unidade nacional. Mas nos últimos tempos voltaram a desentender-se e mantêm o país totalmente paralisado.
"Esperamos que a recusa em manter relações sexuais durante sete dias obrigue os rivais a reconciliarem-se e a voltarem à mesa das negociações", disse Patricia Nyaundi, directora da Federação de Mulheres Advogadas, que foi citada pela BBC. "Até as trabalhadoras do sexo deviam juntar-se a uma campanha que é tão vital para o país", acrescentou, lembrando que as grandes "decisões são tomadas durante algumas conversas de cabeceira". A Organização para o Desenvolvimento das Mulheres admite, mesmo, pagar às prostitutas para que não aceitem clientes durante os sete dias do embargo.
Anne Waithera, correspondente da BBC em Nairobi, capital do Quénia, diz que esta campanha de embargo ao sexo é capaz de encontrar uma forte resistência por parte dos homens quenianos, os quais, diz, não conseguem abster-se nem por dois dias. A sociedade africana ainda é muito patriarcal e em alguns países a poligamia, além de prática corrente, está perfeitamente dentro da lei. Este é o caso do Quénia, lembra Tom Odula, da AP, em Nairobi.
A sombra da violência volta a pairar sobre este país, depois dos confrontos entre apoiantes de Mwai Kibaki e Raila Odinga nas eleições de Dezembro de 2007. Após dois meses de violência, mais de mil pessoas morreram, enquanto outras 300 mil foram obrigadas a deixar as suas casas. Neste momento de impasse no Governo de unidade nacional, formado após a intervenção de Annan, a única saída parece ser a convocação de eleições antecipadas.
Fonte: DN - Patrícia Viegas

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